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28 de dez. de 2009

SOBRAS DE SISAL VIRAM REFORÇO DE FIBROCIMENTO

Sobras de sisal viram reforço de fibrocimento Fibra obtida de parte desperdiçada da planta pode ser utilizada como reforço de estruturas na construção civil.[Imagem: Holmer Savastano Júnior]

 Sobras do sisal

As sobras da bucha de sisal, que geralmente são jogadas fora nos processos de fabricação de cordas, podem fornecer uma importante matéria-prima para a indústria de materiais de construção.

A descoberta é da equipe do professor Holmer Savastano Júnior, da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo (USP), em Pirassununga.

Os pesquisadores desenvolveram uma técnica para a obtenção de fibras a partir da sobra rejeitada do sisal que pode gerar renda e aprimorar a cadeia produtiva da planta, que envolve hoje, no país, mais de 700 mil pessoas em atividades diretas e indiretas.

Método organossolve

Chamado de polpação organossolve, o processo consiste em dissolver a massa do sisal por meio da aplicação de pressão, alta temperatura e de etanol, que funciona como reagente.

O objetivo da polpação organossolve é quebrar a lignina que mantém as fibras unidas - a lignina é uma macromolécula associada à celulose na parede celular que dá rigidez e proteção às plantas.

Os processos convencionais para obtenção de fibras ou celulose utilizam o método kraft, que, além de envolver um processo químico mais agressivo, é viável somente em larga escala. "Uma grande vantagem do organossolve é ser adaptável a plantas de pequeno porte, o que o torna adequado a pequenos produtores", contou Savastano.

Outro ponto que acentua a função social da nova técnica é o fato de ela aproveitar um rejeito da indústria do sisal. Desse modo, a fibra para reforçar cimento não será retirada da indústria da cordoaria, ramo que mais utiliza o sisal como matéria-prima.

Fibrocimento com sisal

O fibrocimento poderá ser mais um braço da cadeia produtiva do sisal, planta que tem o Brasil como maior produtor mundial. O material obtido da planta do semiárido, segundo a pesquisa, pode entrar na fabricação de telhas, divisórias, suportes de ar-condicionado, caixas d'água e demais estruturas que atualmente utilizam outros tipos de fibras.

Um dos desafios da equipe de Savastano é reduzir a degradação que o sisal sofre em um produto de construção a base de cimento. Como toda fibra natural, ela sofre os efeitos da alcalinidade do cimento, decompondo-se com o passar do tempo.

Por causa disso, as peças de fibrocimento desenvolvidas até o momento contêm um porcentual de fibras sintéticas, como PVA (polivinil álcool) e PP (polipropileno). "Queremos agora aumentar o teor da fibra natural e reduzir o de materiais sintéticos", disse.

Fibras de bambu

Além do sisal, o grupo da USP começou a pesquisar também a fibra de bambu como componente de fibrocimento.

A engenheira agrícola Viviane da Costa Correa, orientanda de Savastano, desenvolve em seu mestrado o processo organossolve aplicado ao bambu. "Estamos estabelecendo a temperatura e o tempo ideais para a obtenção da fibra de bambu", disse Viviane.

Os ajustes sobre a polpação do bambu estão sendo feitos com o apoio do grupo do professor Antonio Aprigio Curvelo, do Instituto de Química de São Carlos da USP.

Além de fornecer fibras para reforço de cimento, o bambu também poderá servir de matéria-prima para celulose e papel. "O bambu é uma gramínea gigante que está presente em vastas extensões do Brasil, por isso esses processos poderão gerar um grande impacto no desenvolvimento econômico do país", destacou Savastano.

Fonte:  http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=sobras-sisal-viram-reforco-fibrocimento&id=010160091224&ebol=sim

15 de dez. de 2009

Pagamento Verde


IBFLORESTAS DESENVOLVE PROJETO “PAGAMENTO VERDE”
 

O Instituto Brasileiro de Florestas acaba de desenvolver mais um projeto de incentivo ao reflorestamento, aliando a necessidade de setores empresariais em neutralizar suas emissões de carbono e a busca dos cidadãos por realizarem, na prática, o consumo sustentável.

O projeto Pagamento Verde é um serviço que agora, passa a ser prestado pelo IBF às empresas de comércio eletrônico. A partir dessa parceria, o Instituto se responsabiliza pelo desenvolvimento de projetos adequados à necessidade de cada uma dessas empresas, além da execução e sucesso do plantio das árvores, enquanto que empresas de comércio eletrônico se responsabilizam pelo incentivo financeiro.
Cada empresa destina então, um percentual de sua receita ao financiamento desse plantio. Esse percentual decidido pela empresa pode estar relacionado à quantidade, em tonelada, de emissão de gás carbônico emitida ou ao faturamento da empresa. O local de plantio é também escolhido pela empresa , juntamente com o IBFLORESTAS.

Nesse sentido, além das empresas poderem colaborar com a conservação do meio ambiente, elas estimularão mudanças nos padrões de consumo. Pois, possibilitar que os cidadãos consumam sustentavelmente é disponibilizar produtos e serviços que respeitem o meio ambiente e à dignidade humana.

O IBFLORESTAS acredita que por meio do desenvolvimento de projetos socioambientais como esse, é que disseminamos, em meio à sociedade, a conscientização do imperativo de saber usar os recursos naturais para satisfazer as nossas necessidades, sem comprometer as necessidades e aspirações das gerações futuras. Isso não exige um grande esforço, somente mais atenção com o que está ao nosso redor.

10 de dez. de 2009

EUA testam estrada pavimentada com painéis solares

Uma proposta ousada para geração de energia acaba de receber verba para entrar em fase de testes. Se a ideia do engenheiro elétrico Scott Brusaw der certo, rodovias do futuro poderão ser pavimentadas não com asfalto, mas com painéis solares para gerar eletricidade.

Não é algo tão inusitado quanto parece, diz Brusaw, que criou a empresa Solar Roadways para tocar a empreitada. Dependendo da escala, essa seria uma solução viável para substituir usinas a carvão e gás e ajudar a frear o efeito estufa.

O engenheiro recebeu agora US$ 100 mil do Departamento de Transporte dos EUA para fazer um protótipo. É pouco, levando em conta que o metro quadrado de asfalto já custa cerca de R$ 30 (o preço pode variar bastante). O “metro quadrado” de painel solar, no Brasil, custa mais de R$ 2.000.

Um quilômetro de uma hipotética rodovia solar de pista dupla, porém, produziria energia suficiente para suprir uma cidade de 5.000 habitantes –3 milhões de kWh por ano (um metro quadrado de painel solar produz cerca de 0,7 kWh por dia). O problema é que esse quilômetro sai por R$ 30 milhões.

Brusaw, por isso, deve começar numa escala modesta. “Esperamos começar a instalar os painéis em estacionamentos em dois anos”, disse o engenheiro à Folha. “Queremos aprender primeiro com veículos leves se movendo devagar. Se der certo, vamos “pavimentar” estradas com painéis solares em cerca de cinco anos.”

Pode parecer uma meta ousada, mas especialistas ouvidos pela Folha acreditam que o custo pode cair. “Para aplicações generalizadas, a energia solar não é a mais barata. Mas ela é limpa. Uma análise fria de custo não considera impacto ambiental”, diz Celio Vaz, diretor da Orbital Engenharia.

A longo prazo, a tendência é que a ideia se torne mais barata. “O custo dos painéis vem caindo bastante nos últimos tempos. Se o mercado crescer, o preço dos painéis diminuirá mais”, diz Elizabeth Pereira, física da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

Os painéis solares que a Solar Roadways quer fazer têm lâmpadas que podem ser programadas para fazer toda a sinalização da via: a faixa central em amarelo dividindo quem vem de quem vai, as mensagens de “pare”. Mais do que isso: as mensagens poderiam ser em tempo real. Ou seja, poderiam oferecer informações como “Rebouças congestionada”.

Em lugares onde neva, a pista poderia esquentar para derreter parte do gelo. Os painéis, se fossem incorporados também às ruas da cidade, poderiam acabar com a fiação.

Se um dia o asfalto for abandonado, não deixará saudade: é caro, não oferece nada em troca da área que impermeabiliza e requer petróleo. Além disso, tem vida útil que varia entre 5 e 10 anos. Os painéis duram 25.
Leia na fonte

2 de dez. de 2009

Afinal, quanto carbono uma árvore sequestra?

A internet está cheia de calculadoras para identificar quantas árvores precisamos plantar para compensar nossas emissões de gás carbônico e, com isso, reduzir nossa parcela de culpa pelo efeito estufa. O problema é que, por trás de cada uma dessas calculadoras, metodologias e referências distintas fazem com que os resultados variem bastante. Afinal, uma muda de jequitibá cresce de forma e com velocidade completamente distinta de uma muda de picea (espécie de clima frio) plantada na Rússia.

Diante dessa dúvida, fomos a campo para verificar com quanto contribuímos para fixação de carbono a partir do plantio de espécies nativas da Mata Atlântica. O trabalho, publicado agora pela revista Metrvm, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) da Universidade de São Paulo (USP), avalia os modelos de biomassa florestal e o teor de carbono de espécies nativas amplamente utilizadas em áreas de restauração florestal no Estado de São Paulo.

O modelo gerado estima o carbono fixado pelas árvores num horizonte de 20 anos, tendo como variável dependente o diâmetro das árvores. Ou seja, agora, para povoamentos de Mata Atlântica semelhantes aos medidos, pode-se estimar o teor de carbono fixado pelas árvores a partir de uma simples medição de diâmetro delas. Porém, para que o modelo apresente uma confiabilidade maior, será necessário que sejam feitas remedições bianuais, nas mesmas árvores, para que o modelo seja constantemente ajustado e seu grau de confiabilidade vá aumentado com o tempo.

Na etapa do projeto já desenvolvida, além da coleta de amostras para análises laboratoriais, de carbono e densidade básica, foram também medidos outros elementos, como o diâmetros e o comprimento do tronco das árvores, e o peso da madeira e das folhas. Foram avaliadas áreas de quatro reflorestamentos distintos implantados entre 2000 e 2005 no estado de São Paulo.

Os resultados mostram que há grande variação no crescimento das florestas plantadas com essências nativas. Além de aspectos de clima e solo locais, essas diferenças se devem aos tratos culturais recebidos pelas plantas e à qualidade das mudas plantadas.

O material genético também faz diferença, visto que, em cada região, os plantios foram executados por diferentes instituições. Não obstante, cada região tem uma idade de plantio distinta da outra, o que acaba impossibilitando a definição de uma curva de crescimento comum.

Os cálculos resultaram numa estimativa média de 249,60 quilogramas de CO2 equivalente fixados, até o vigésimo ano, pelas árvores amostradas. Porém, dadas todas as restrições da pesquisa, aliadas ao fato de a curva de crescimento das árvores provavelmente não ser linear, concluiu-se que esse indicador poderia estar superestimado. Para que pudesse ser feito um cálculo mais exato seria necessário acompanhar a curva de crescimento das árvores por mais tempo. Como indicado acima, esse acompanhamento já está previsto na continuidade da pesquisa.

O problema é que a demanda por um índice de compensação de CO2-equivalente é imediata, sendo necessário agora um número para balizar as conversões feitas no Brasil.


Assim, com uma atitude conservadora, foram adotados os resultados identificados na pior amostra observada (na região de Valparaíso-SP), tendo sido projetada a captação de 140 kg CO2-equivalente por árvore aos 20 anos de idade. Desse modo, enquanto não dispusermos de uma curva de crescimento totalmente confiável, podemos trabalhar com o número de 7,14 árvores da Mata Atlântica para compensar cada tonelada de CO2-equivalente emitida.

Jeanicolau Simone de Lacerda é consultor em negócios florestais da KEYASSOCIADOS.
Fonte: O Eco

referente a:

"Afinal, quanto carbono uma árvore sequestra?"
- Portal do Meio Ambiente / REBIA / Editor: Vilmar S. D. Berna - Afinal, quanto carbono uma árvore sequestra? (ver no Google Sidewiki)

6 de out. de 2009

Megacidades respiram, consomem e poluem. Algumas se cuidam.

Nevoeiro no Cairo, no Egito, uma das megacidades com problemas ambientais. (*)

Metabolismo urbano

A tendência científica para ver as maiores cidades do mundo como seres vivos, que respiram, consomem e excretam, está levando a uma compreensão mais profunda de como a má qualidade do ar nas megacidades pode prejudicar os moradores e também desempenhar um papel importante na mudança climática global.

Esta é a conclusão de um relatório sobre um modelo de "metabolismo urbano" das megacidades.

Charles Kolb, um dos responsáveis pela elaboração do relatório, argumenta que o conceito de metabolismo urbano já existe há décadas. Ele vê as grandes cidades como entidades vivas, que consomem energia, alimentos, água e outras matérias-primas, e libera resíduos.

Os resíduos lançados incluem o dióxido de carbono - o principal gás de efeito estufa - poluentes do ar, esgotos e outros poluentes da água e até mesmo o excesso de calor que se acumula em grandes extensões de vias pavimentadas e prédios.

Dejetos das cidades

Os seres humanos produzem diretamente uma parcela significativa desses resíduos, mas as emissões de indústrias, usinas de geração de energia e sistemas de transporte exalam as maiores quantidades de gases de efeito estufa e outros poluentes do ar.

Outros metabolizadores urbanos incluem sistemas de esgotos, aterros sanitários, animais domésticos e pragas, como os ratos, que em algumas cidades são mais numerosos do que as pessoas.

Durante os últimos cinco anos, este corpo de conhecimento tornou mais claros os perigos da má qualidade do ar nas megacidades, não apenas sobre as grandes populações locais, mas também sobre as aglomerações centrais, as atividades agrícolas e os ecossistemas naturais localizados a sotavento dessas áreas, afirma Kolb.

"O dióxido de carbono e outros poluentes tornam as megacidades gigantescos indutores de mudanças climáticas," disse Kolb. "Eles impactam o clima em nível regional e global porque estes gases de efeito estufa são duradouros e se dispersam ao redor do mundo."

Megacidades

Mais da metade da população do mundo vive hoje nas cidades, e as maiores áreas urbanas do mundo estão crescendo rapidamente. O número de megacidades - regiões metropolitanas com população superior a 10 milhões - cresceu de apenas três em 1975 para cerca de 20 hoje.

As megacidades mais poluídas estão nos países em desenvolvimento e incluem Dhaka, (Bangladesh), Cairo (Egito) e Karachi (Paquistão). Algumas das megacidades localizadas em regiões menos desenvolvidas têm criado campanhas de gerenciamento da qualidade do ar que resultaram em menores níveis de poluição. Entre estas estão Cidade do México (México), Pequim (China), São Paulo (Brasil) e Buenos Aires (Argentina).

Mesmo as megacidades mais limpas, como Tóquio e Osaka, no Japão, e Nova Iorque e Los Angeles, nos Estados Unidos - todas no mundo desenvolvido - continuam tendo sérios problemas, segundo Kolb.

O clima quente e as frequentes inversões atmosféricas no sul da Califórnia, por exemplo, geram o eterno problema dos nevoeiros em Los Angeles. Na Cidade do México, a elevada altitude, combinada com sua baixa latitude, produz altos níveis de radiação solar ultravioleta, que causam a produção fotoquímica de nevoeiros. Além disso, as altas cadeias montanhosas em suas cercanias aprisionam os poluentes resultantes sobre a cidade durante dias.

"Isso provoca uma situação muito grave para os moradores da Cidade do México", disse ele. "Você tem níveis muito danosos à saúde de ozônio e de particulados finos que causam grande número de mortes prematuras todo ano. Estudos mostram que, para cada aumento de 10 microgramas por metro cúbico dessas partículas, você tem um aumento de cerca de 10 por cento no número de mortes prematuras, produzindo uma diminuição da expectativa média de vida de cerca de 0,8 ano. Também aumentam os atendimentos hospitalares decorrentes da asma e bronquite."

Controle do crescimento urbano

O controle do crescimento urbano no mundo em desenvolvimento é fundamental para a melhoria da qualidade do ar no mundo, disse Kolb. Os níveis de poluentes urbanos nos países pobres continuarão altos, com aumento das emissões conforme as populações da cidade e as atividades econômicas aumentem. Até que as megacidades se tornem ricas o suficiente para dedicar recursos significativos para reduzir suas emissões, dois fatores irão invariavelmente aumentar as tensões em seu meio ambiente - o aumento do tráfego de veículos e o crescimento industrial.

O Sul da Califórnia, no entanto, tem tido sucesso em suas ações para modificar o seu metabolismo urbano, lançando esforços pioneiros para reduzir as emissões dos automóveis.

Kolb acentua que a Cidade do México - ao contrário da maioria das megacidades nos países menos desenvolvidos - também tem dados passos bem-sucedidos para lidar parcialmente com a má qualidade do ar. Nas últimas duas décadas, o governo mexicano introduziu medidas para melhorar a qualidade do ar, incluindo a exigência de dispositivos de controle da poluição, como catalisadores, nos veículos novos, a redução dos níveis de enxofre na gasolina e no diesel e a realocação de alguns grandes emissores industriais para fora do Vale do México.

Medidas mais simples primeiro

Kolb afirma que as megacidades da Ásia e África necessitam urgentemente modificar o seu metabolismo urbano de formas semelhantes. Algumas mudanças fundamentais poderiam dar retornos muito rapidamente.

"Precisamos começar com as medidas mais simples", disse ele. "Em algumas cidades da Ásia e África, eles continuam usando gasolina com chumbo. No mundo desenvolvido, nós podemos instituir controles de emissões em veículos a diesel, que geram partículas finas perigosos, e podemos também reduzir a poluição usando mais transportes ferroviários de massa ou definindo rotas de ônibus especializadas."

O modelo de metabolismo urbano demonstra como as megacidades do mundo desenvolvido, como Tóquio, Nova Iorque York e Los Angeles, têm melhorado a sua qualidade do ar, apesar de um aumento da população. O estudo também avalia a forma como as megacidades do mundo em desenvolvimento estão lidando seriamente com o problema.

(*)Michael Bernstein - 06/10/2009

Link.: http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=megacidades-respiram-consomem-poluem-algumas-se-cuidam&id=010125091006&ebol=sim

4 de set. de 2009

“Greenbuildings”, o desafio da construção civil

Os prédios verdes, que começam a ganhar mercado na Europa, ainda estão longe de ser uma realidade no Brasil.

Num futuro próximo, a indústria da construção civil deverá estar preparada para adotar inovações tecnológicas eficientes para reduzir os impactos ambientais de suas atividades, de acordo com Charles Kibert, diretor do Powell Center for Construction and Environment e professor da Universidade da Flórida (EUA), que falou aos participantes de simpósio sobre o tema, realizado recentemente pelo Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), em São Paulo. "Já está na hora de começarmos a pensar em modelos de baixa emissão de carbono e com eficiência energética. Não há mais tempo para esperar”, ressaltou o especialista.

Segundo Kibert, a crescente procura por projetos de greenbuildings mostra que há mercado para esse tipo de empreendimento. “Países como Alemanha e Suécia já estão produzindo uma segunda geração de prédios verdes, que diminuem a utilização de materiais provenientes de combustíveis fósseis. Se não nos redesenharmos, vamos desaparecer”, alertou.

Ainda na opinião do professor, os Estados Unidos, maior responsável pelos níveis atuais de concentração de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera, já começaram a discutir planos contra o aquecimento global, o que representa um grande passo. “Os países emergentes também devem tomar atitudes, mais simples, talvez, mas que demonstrem a consciência de que também são responsáveis pelas mudanças climáticas”, falou.

Nos países desenvolvidos são investidos mais de US$ 35 bilhões anuais em empreendimentos sustentáveis. Mesmo assim, há dificuldades para o desenvolvimento desses projetos, principalmente por causa da sua cadeia de fornecedores. “Os materiais de baixo impacto ainda não têm uma boa qualidade. Acredito que o ideal é criarmos uma certificação que identifique os prédios sustentáveis”, sugeriu.

Kibert também destacou a importância da integração entre o empreendimento e o ecossistema para a preservação de um ambiente equilibrado, o que só pode ser feito por meio de uma política de reutilização e reciclagem. “Essa sinergia é fundamental para a redução de emissão de CO2 e, nesse caso, as políticas públicas e regulamentadoras são imprescindíveis para implementarmos construções mais eficientes e sustentáveis”, declarou.

Vanderley John, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), que também participou do encontro, concorda com Kilber, mas ressalta que falar de material de construção sustentável ainda é uma especulação. Para ele, “o Brasil ainda está muito atrasado na questão da política ambiental, principalmente no que diz respeito às mudanças climáticas e, por consequência, nossa indústria da construção também está”, afirmou.

John destacou que a tecnologia veio para facilitar a vida do ser humano, mas os construtores são muito temerosos de mudanças muito radicais. “Hoje, é somente graças aos fornecedores que algumas mudanças estão sendo incluídas na agenda dos empresários. Mesmo assim, são mudanças lentas e para o futuro”, disse.

Para ele, o aquecimento global é uma realidade, mas o Brasil ainda está atrasado na adoção de medidas que amenizem seus agentes causadores, apesar dos avanços verificados este ano. Em sua opinião, "precisamos rediscutir alguns planos do governo, como o Plano Decenal de Expansão de Energia lançado este ano, que, se mantido da forma como está, quintuplicará a emissão de gás carbônico nos próximos anos".

Outro ponto defendido pelo professor da Poli foi a da utilização de materiais alternativos para a construção civil, menos emissores e mais rentáveis. "Temos diversas pesquisas sobre insumos da construção civil que podem ser economizados ou modificados, como o cimento", disse.

A questão da madeira

Apesar de a madeira representar apenas 1% do total de uma edificação, é preciso que as empresas atentem para a origem desse material, evitando tornar-se cúmplices do desmatamento, hoje maior gerador de emissões de CO2 do país. "Como ponta da cadeia produtiva, as construtoras devem exigir as qualificações necessárias de seus fornecedores", alertou.

Vanderlei John ressaltou também a necessidade de políticas públicas que incentivem a criação de empresas madeireiras com certificação de manejo. "Hoje temos cerca de 200, mas ainda é muito pouco para um país que tem a construção civil como seu maior mercado de mão-de-obra. Hoje 43% da madeira utilizada nos empreendimentos são de origem ilegal, e isso tem que acabar", disse.

Para John, é preciso inovar, buscando reduzir a utilização dos recursos naturais, já tão escassos. "A indústria de base deve seguir pelo caminho da sustentabilidade, por meio do planejamento estratégico de sua cadeia produtiva, utilizando materiais mais duráveis e reutilizando resíduos. Desse modo, evitaremos que daqui a dez ou vinte anos estejamos emitindo 70% mais de GEE do que já emitimos hoje", falou.

Também palestrante, Brandon Haw, sócio da Foster + Partners, empresa inglesa de arquitetura, conhecida pelas gigantescas estruturas metálicas usadas nas construções de prédios, destacou a intensificação da migração para as cidades como um dos fatores que têm pressionado as exigências de medidas sustentáveis imediatas. "A arquitetura há muito tempo já vem pensando em inovações que tornem as construções menos impactantes. Alguns países só aceitam os novos empreendimentos se forem de acordo com regras de menor consumo", falou.

Essa nova maneira de pensar as estruturas tem como inspiração a infraestrutura integrada, que opta pela economia de recursos em lugar da beleza arquitetônica. "A idéia é criar bairros inteiros com esse conceito, onde a pessoa more, trabalhe e se divirta sem necessidade de usar demasiadamente o carro. É o chamado car-free. Trata-se de uma engenharia mais inovadora, que sai da mesmice", afirmou.

Vantagens econômicas

Segundo o arquiteto, essas construções, embora com custo mais elevado, têm atraído mais clientes, preocupados com as questões ambientais e sociais. "Apesar de seu impacto financeiro inicial, é possível recuperar o investimento no longo prazo, por meio da economia gerada pelo empreendimento com o consumo de água e luz, ou com o aluguel", lembrou.

Brandon Haw também destacou a vontade dos novos empreendedores de utilizar métodos menos impactantes em suas obras. "Já é uma tendência diminuir a exploração dos recursos pensando na economia de baixo carbono que está por vir. Nós podemos fazer a diferença", finalizou.