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20 de jan. de 2012

MEDIR O ROI É ESSENCIAL EM PROJETOS DE TI VERDE

Brasil - As iniciativas para redução das emissões de gases de efeito estufa podem representar redução de custos e, consequentemente, maior competitividade para as empresas de tecnologia. A implantação pela indústria de políticas e estratégias que resultem na redução de poluentes pode gerar crédito de carbono, aliando o impacto socioambiental ao aumento da lucratividade.

Segundo André Luis Saraiva, diretor de responsabilidade socioambiental da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), o primeiro passo para adoção de uma política de redução de poluentes é a realização de um inventário para identificar quais áreas do negócio podem gerar créditos e, consequentemente, economia.

Nessa linha, a Vivo concluiu, em estudo, que 80% dos impactos ambientais da empresa estavam relacionados ao consumo de energia. A partir desse dado foram desenvolvidas e implantadas melhorias para a eficiência energética que podem gerar economia de até 30% na área de redes e de 10% na área de escritórios.

Além de iniciativas internas de racionalização do consumo de energia, a indústria TIC pode e estará obrigada a extrapolar os projetos para os seus consumidores, por meio da coleta e reciclagem de equipamentos. Porém, as tentativas de coleta seletiva de lixo eletrônico, especialmente bens de consumo portáteis, como celulares e laptops, ainda esbarram no alto custo da logística e na falta de conscientização da população sobre a real importância da iniciativa.

O debate sobre logística reversa – quando o fabricante é o responsável pelo descarte do produto após a venda – Forum Green Tech 2011, promovido pela revista TI INSIDE e organizado pela Converge Comunicações, em setembro passado, expôs boas práticas, mas criticou a morosidade do Congresso brasileiro na regulamentação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), sancionada pelo ex-presidente Lula em agosto do ano passado.

A lei que cria o novo plano de gestão de resíduos sólidos, que inclui toda a logística de produção e descarte de eletroeletrônicos, ainda não obteve consenso de todos os setores envolvidos para que seja regulamentada e possa ser colocada em prática.

Falta de escala

“O fato de não haver um sistema unificado que contribua para ganho de escala, e ainda o preço elevado para sua implantação, são dois pontos críticos”, diz Márcio Quintino, gerente sênior de responsabilidade ambiental e sustentabilidade corporativa da Philips do Brasil. Ele ressalta que o custo da logística reversa dos programas da empresa representa 70% das despesas, enquanto ganha-se apenas 30% com a reciclagem dos materiais.

A Philips defende que uma parte dessa despesa deve ser repassada ao consumidor. Além disso, a empresa sugere a união de projetos de empresas distintas por meio de associações para que haja um ganho de escala e volume na coleta dos materiais.

Uma pesquisa da Nokia, no entanto, mostra que o consumidor ainda não tem total domínio sobre os programas de reciclagem e a importância dos projetos na área de telefonia móvel. O estudo mostra que apenas 3% dos consumidores reciclam seus celulares obsoletos, enquanto 4% fazem o descarte em lixo comum, 24% transferem para conhecidos e 16% vendem os aparelhos.

As empresas também enfrentam problemas com o alto custo de reutilização dos reciclados no país. Hoje, todos os celulares, baterias e carregadores coletados nas 228 urnas do programa de sustentabilidade no Brasil são exportados para os Estados Unidos, onde são modificados e reutilizados.

A educação do consumidor e iniciativas do governo para redução dos custos de logística reversa é uma bandeira da Abinee. André Luis Saraiva, diretor de responsabilidade socioambiental da entidade, é enfático ao criticar as políticas públicas sobre o destino do lixo eletrônico, que desprezam mecanismos de financiamento, que poderiam contar com agências de fomento, e a educação dos cidadãos sobre as questões de sustentabilidade. “Isso sim é política pública, educação de uma nação e criação sustentada de uma política empresarial. Sem isso, não teremos ganho de escala que viabilize operações de logística reversa”, afirmou.

Vitrina para novos projetos

Datacenter verde do Itaú Unibanco gera economia e abre via para outras iniciativas sustentáveis

Definir métricas para avaliar o retorno sobre os investimentos (ROI) em TI verde é essencial para as empresas e também para garantir a continuidade dos projetos de sustentabilidade envolvendo tecnologia. A opinião, em tom de alerta, é do superintendente da área de TI do Itaú Unibanco, Júlio Cezar di Conti, que foi um dos palestrantes no Forum Green Tech 2011.

O executivo observa que é por meio da tangibilidade dos projetos de TI verde, ou seja, do que pode ser medido e avaliado, que se consegue mostrar o resultado para a alta direção da empresa e aos acionistas e, assim, continuar a investir na implantação de estratégias de sustentabilidade. Um dos principais benefícios obtidos com o uso de métricas de ROI é a melhoria da eficiência energética, com a iminente redução dos custos com energia.

“A eficiência energética paga a conta e mostra resultados mais tangíveis”, pontua Di Conti. Como exemplo, ele cita um projeto de modernização de um dos datacenters do banco, totalmente baseado em práticas de TI verde e com o qual o banco atingiu redução no consumo de energia de 43%. Em números, isso representou economia de R$ 500 mil por ano nos gastos com energia elétrica.

O Itaú Unibanco conta com diversas iniciativas de TI verde. A modernização do datacenter é uma das práticas de TI verde do Itaú Unibanco, que envolveu entre outras coisas a consolidação de servidores, por meio de um projeto de virtualização de praticamente a metade do parque de máquinas, e a compra de equipamentos mais eficientes em termos de consumo de energia, como desktops e servidores.

Além de critérios de TI verde na aquisição de equipamentos, o banco mantém um programa de reciclagem e descarte sustentável de lixo eletrônico, bem como o uso de um sistema de call center que dispensa a utilização de telefones tradicionais.

Para garantir a continuidade dessas estratégias, assim como para mapear, quantificar e acompanhar os projetos e identificar novas oportunidades de uso de TI verde, o Itaú Unibanco criou o Comitê de TI verde, que responde por todo o gerenciamento dos projetos e programas de sustentabilidade.

Liderança em boas práticas

HP prova que iniciativas sustentáveis geram crescimento, aumento da produtividade, diferenciação competitiva e estimulam a inovação

Cerca de 1,4 bilhão de quilowatts de energia economizados por meio de estratégias de design de desktops e notebooks, 50% de redução na quantidade de papel e plástico utilizados nas embalagens de impressoras, 100 mil toneladas de plásticos reciclados na fabricação de novos produtos de impressão, 10 mil servidores reciclados e 151 mil toneladas de hardware e suprimentos recuperados para reciclagem e revenda.

Esses foram alguns dos resultados obtidos pela HP Brasil com seu programa de sustentabilidade ambiental, que neste ano aparece como a quinta no ranking da Interbrand como a marca mais sustentável do mundo. E acaba de ser escolhida como a primeira colocada no ranking de 2011 das melhoras práticas ambientais pelo Greenpeace.

Os números foram apresentados pelo diretor de operações e sustentabilidade da HP Brasil, Kami Saidi. Segundo ele, políticas de sustentabilidade ambiental podem contribuir para amenizar as mudanças climáticas no planeta e, ao mesmo tempo, proporcionar crescimento, maior produtividade, diferenciação competitiva e inovações, entre outros benefícios.

Saidi cita um estudo do Gartner, segundo o qual o setor de TI hoje responde por apenas 2% das emissões globais de gases de efeito estufa e também contribui para reduzir as emissões do restante da economia.

Entre os principais aspectos em que a tecnologia da informação pode colaborar na direção de negócios sustentáveis, o executivo cita a redução do consumo de energia e emissão de carbono, a substituição de processos com intensa emissão de carbono por processos de baixo carbono e a possibilidade de habilitar o gerenciamento de uma economia de baixo carbono.

Os objetivos do programa de sustentabilidade ambiental da HP Brasil são atender a demanda crescente dos clientes por TI verde e as legislações governamentais, além de capturar valor. Para isso, Saidi conta que a companhia criou uma estrutura que inclui desde um comitê de governança para sustentabilidade, a estratégia de comunicação e a infraestrutura de TI, até a coleta de produtos. O papel do comitê é gerenciar as questões envolvendo conformidade, o posicionamento ambiental da marca, o engajamento dos acionistas, educação e acesso ao mercado.

Paralelamente a essa estrutura, a HP Brasil criou mais de 50 centros de serviço ao cliente e 55 HP Stores para fazer a logística reversa e a reciclagem de baterias, hardware e suprimentos. Em 2009, a empresa também montou o primeiro centro de reciclagem de cartuchos na América Latina com capacidade para processar 1,2 milhão de cartuchos por ano, provenientes do programa de coleta de cartuchos e das operações industriais da fabricante.

A cultura verde do Itaú Unibanco

Nessa entrevista, Roney Silva, diretor de Arquitetura e Infraestrutura do Banco Itaú Unibanco, cita as principais iniciativas de TI verde e a importância da sustentabilidade para a instituição financeira.

TI Inside - Em que momento o Itaú Unibanco identificou a necessidade de investir em projetos orientados à preservação ambiental (sustentabilidade) e por quê?

Rooney - O banco sempre teve uma cultura e foco em eficiência, antes mesmo do movimento de TI verde. Entretanto, em 2008, foi criado o Comitê de TI verde com objetivo de discutir ações com foco em sustentabilidade, identificar, consolidar e quantificar os ganhos gerados por estas ações e estimular que os aspectos de sustentabilidade fossem considerados nos projetos de TI.

TI Inside - Houve um crescimento significativo na coleta de lixo eletrônico ao longo de 2010. Qual foi a estratégia adotada para que isso acontecesse?

Rooney - Em 2010 foram enviados 3,8 mil toneladas de lixo eletrônico para descarte sustentável. Este volume de lixo eletrônico tem origem em prédios administrativos, rede de agências e datacenters e está fortemente relacionado ao movimento de migração das agências Unibanco para Itaú Unibanco e atualização de parque de equipamentos.

Em 2011, este volume ultrapassa 1,5 mil toneladas. Para implantação deste processo, foi realizado um trabalho de conscientização demonstrando os riscos do descarte inadequado dos equipamentos obsoletos de TI e os benefícios que poderíamos gerar para o meio ambiente, sociedade e para a corporação através da implantação de um modelo de descarte sustentável.

Desde 2009, antes mesmo da Política Nacional de Resíduos Sólidos ser sancionada, o descarte sustentável de equipamentos obsoletos é uma prática corporativa. Hoje quase 98% dos materiais são reaproveitados, retornando à cadeia produtiva, reduzindo assim a necessidade de extração de matérias primas.

TI Inside - Qual é o objetivo deste ano?

Rooney - Continuaremos buscando soluções que gerem eficiência. Como exemplo de ações podemos citar: modernização da infraestrutura de datacenters agregando maior segurança operacional e redução no uso de energia elétrica e espaço; virtualização e consolidação de servidores; ampliação das salas de telepresença e uso racional de impressão.

TI Inside - Seguindo as orientações de sustentabilidade, como está estruturado (configurado) o datacenter do Itaú Unibanco hoje?

Rooney - Existe uma grande preocupação com os aspectos de eficiência dentro de nossos datacenters, onde buscamos o equilíbrio entre disponibilidade e redução do consumo de energia, água e espaço. Para isto, temos adotado desde ações simples como organização das fileiras de racks, como a adoção de equipamentos mais eficientes, processos de virtualização e outras melhores práticas de mercado.

TI Inside - Vocês possuem métricas tanto de redução de custos quanto de benefícios ao meio ambiente do projeto como um todo? Quais são?

Rooney - Temos métricas e indicadores que nos ajudam a acompanhar a evolução e identificar pontos de melhorias. Estas métricas possibilitam quantificar os ganhos como consumo de energia e emissão de CO2. Podemos citar como exemplo o PUE (Power Usage Effectiveness), consumo de energia por servidores e emissão de CO2 evitada.

TI Inside - Quais são as orientações para novas aquisições de eletrônicos pela instituição?

Rooney - Na realidade, temos preocupação com todo o ciclo de vida do equipamento, desde o processo de manufatura até a destinação dos equipamentos no final de vida útil. Desta forma, o banco tem adotado critérios sociais e de sustentabilidade na escolha dos parceiros e aquisição de equipamentos de TI. Estes critérios consistem, basicamente, na aquisição de equipamentos fabricados conforme diretiva RoHS, que regula a utilização de substâncias potencialmente perigosas ao meio ambiente e ao ser humano. Atualmente, este critério é aplicado em alguns segmentos e está em fase de expansão.

TI Inside - Quais são os critérios de avaliação de novos produtos?

Rooney - As ações de TI verde são baseadas no tripé da sustentabilidade (Triple Bottom Line). Desta forma, as decisões são basedas em aspectos econômicos, sociais e ambientais.

TI Inside - Quais são os resultados, do ponto de vista da sustentabilidade, do investimento feito em telepresença?

Rooney - O uso das salas de telepresença tem um impacto muito positivo em índices de sustentabilidade. Deixamos de percorrer muitos quilômetros, economizamos com viagens aéreas, poupamos o meio ambiente reduzindo a emissão de gases de efeito estufa, além de melhorar a qualidade de vida dos usuários. Os índices mostram isso. Em 2011, até o mês de agosto, foram realizadas 1.570 reuniões nas salas do Itaú Unibanco, com duração média de 1,5 horas por reunião. Deixaram de ser percorridos 6.035.692 km entre uso de automóvel e avião. Para o meio ambiente, deixamos de emitir 852 toneladas de CO2 e poupamos 5.380 árvores.

TI Inside - Descreva o ambiente de telepresença – número de salas, frequência de uso e outros detalhes que tenham disponíveis?

Rooney - O ambiente de telepresença no Itaú Unibanco foi criado em 2008 e hoje conta com 11 salas no Brasil e três salas internacionais (Miami, Londres e Nova Iorque). Em novembro deste ano haverá expansão de mais duas salas em São Paulo e uma sala em Lisboa. Ainda temos integração com mais 13 salas do Itaú Unibanco BBA, com salas em diversas localidades em São Paulo e outras capitais.

O Itaú Unibanco também possui contrato de serviço Business to Business (B2B) com a operadora BT, possibilitando a realização de reuniões de telepresença com outras empresas. A utilização das salas é controlada pela área de Service Desk, responsável pelo agendamento das reuniões e comunicação com os usuários.
Fonte: Ti Inside - 17.01.201

17 de jan. de 2012

INICIATIVAS PARA APROVEITAMENTO E SUSTENTABILIDADE DE AREAS DE FLORESTAS EM PROPRIEDADES PRIVADAS

Se você é proprietário(a) de área de mata nativa maior do que 1.000 (hum mil) hectares contínuos, pode ter uma chance de financiar a preservação de suas florestas nativas, sem precisar ceder ao desmatamento.

 

Existem ONGs que apóiam projetos de REDD (remuneração pela preservação de floresta “em pé”) e que podem ser acionadas para avaliar a sua área. Caso haja parceria com outros proprietários pode ser ainda mais viável.

 

Você pode ter acesso a alguns exemplos de projetos em algumas entidades e se a sua área se encaixar nos requisitos poderá gerar um projeto de REDD. Existe também a possibilidade de criação de uma RPPN (Reserva Privada do Patrimônio Natural). Em alguns estados a criação dessas reservas possibilita a isenção de alguns impostos e a utilização dessas áreas para fins de educação ambiental e ecoturismo. Neste caso, se informe nos sites do IBAMA ( www.ibama.gov.br) ou RPPN BRASIL (www.rppnbrasil.org.br), ou me escreva para maiores informações (denisedemattos@gmail.com).

UMA ECONOMIA DEMOCRÁTICA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

À medida que se aproxima a Rio+20 e em que amadurecem os debates sobre suas possíveis conclusões, fica mais clara a grande polêmica em torno da dimensão econômica, em sua relação com as demais dimensões em pauta, e, finalmente, com o próprio desenvolvimento sustentável, enquanto estratégia ampla para se evitar o evidente desastre a que nos leva o modelo atual.

A Rio+20 – sendo um evento/processo complexo e multifacetado, onde se entrelaçam agendas e atividades de inúmeros atores, sem necessariamente uma conexão explícita entre si – é passível de vários enfoques e análises, conforme a perspectiva de quem a analisa, e do foco de sua atenção. Neste artigo, parto de uma rápida comparação entre diferentes perspectivas sobre um mesmo tema – a economia – o qual, em seguida, procuro analisar em detalhe. O objetivo é contribuir para uma compreensão mais clara sobre o que está em pauta, propiciando assim uma base para ações mais efetivas visando ao máximo proveito da Rio+20 enquanto oportunidade para avançarmos na construção de uma sociedade socialmente justa, economicamente viável e ambientalmente sustentável.

Os direitos no centro da agenda

Colocar os direitos no centro da agenda é um aspecto-chave na perspectiva inicial de muitos que, como nós, engajam-se nos processos sociopolíticos movidos pela convicção ética de que todos os seres vivos – e especialmente os seres humanos – têm direito a uma existência plena, saudável e feliz. Um desdobramento natural dessa perspectiva é buscar o reconhecimento explícito desses direitos nos debates em curso e nos compromissos deles resultantes. Se queremos – por exemplo – que os direitos à educação, à alimentação, à moradia , à saúde e à participação sociopolítica sejam garantidos e levados em conta nas decisões tomadas e nas políticas formuladas, é preciso mencioná-los de modo direto e claro. Isso foi, por exemplo, o que aconteceu em várias das conferências do ciclo social da ONU, em que direitos humanos de várias gerações, reconhecidos genericamente em vários instrumentos, foram detalhados e convertidos em recomendações concretas, propostas afirmativas e diretrizes políticas.

Vendo por essa perspectiva, o debate preparatório para a Rio+20 pode ser um tanto desapontador, na medida em que pouco trata desses temas e, quando trata, geralmente o faz sob a forma de referências genéricas ou menções esparsas. A afirmação de direitos certamente não é a tônica dos debates na Rio+20, cuja pauta explícita se foca em dois temas centrais: a “economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza” e o “quadro institucional para o desenvolvimento sustentável” ou, simplesmente, “governança global”.

Evidentemente, declarações genéricas reiterando compromissos antigos combinadas com propostas “simples e diretas” sobre aspectos práticos podem facilmente desandar para encaminhamentos que, ao fim e ao cabo, levam a caminhos bem diferentes dos declarados. Este, por exemplo, é o risco mais evidente das propostas relativas à utilização de instrumentos econômicos, como a criação de mercados, mas sem a necessária contrapartida em termos de controle social e outras medidas que garantam a saudável gestão dos mesmos, e o uso socialmente apropriado da riqueza gerada.

Mas é importante considerar, no entanto, que a simples reafirmação dos direitos – mesmo que explícita, detalhada e tangíveis na forma de propostas de ação concretas – pouco ou nada adiantaria, visto que estaria apenas repetindo o que já ocorreu nas duas últimas décadas, com resultados efetivos muito aquém do necessário e desejado. Nesse sentido, a abordagem mais pragmática da Rio+20 pode ter seu lado positivo, na medida em que encontre meios mais concretos e efetivos para cumprimento dos compromissos e objetivos assumidos e reiterados. Cabe então àqueles que desejam manter os direitos no centro da agenda encontrar maneiras para ir além da reafirmação de princípios e compromissos, explicitando e enfatizando suas demandas, mas combinando-as com propostas concretas e relacionadas aos objetivos da Conferência.

Há risco de que a Rio+20 se desvirtue, convertendo-se num evento de consolidação da agenda para predomínio da economia sobre a política e a ética. Mas ela é também uma oportunidade para que essa tendência seja revertida, e que sejam acordados os fundamentos de uma economia para o desenvolvimento sustentável, ou seja, um arranjo institucional e político que coloque as forças econômicas a serviço da sociedade, e não o contrário. A atual crise no sistema financeiro e na Europa, as movimentações por cidadania em todo o mundo e a eloquência dos problemas socioambientais demonstram que não se trata de uma questão de preferências ideológicas ou de teorias idealistas: a humanidade enfrenta o desafio concreto de viabilizar-se, e a Rio+20 apresenta-se como momento oportuno para isso. É preciso aproveitá-lo, de todas as formas.

A pauta da Rio+20 e o desafio central da economia verde(1)

Um grande consenso acerca da economia verde (EV) é que não será possível construir uma sociedade social e ambientalmente sustentável sem que ocorram profundas mudanças nos sistemas econômicos, que precisam modificar tanto seu objetivo último (colocando a melhoria das condições globais de vida e bem-estar no lugar do mero crescimento no fluxo de bens e serviços), quanto sua noção de custos (que precisa incorporar de modo mais completo o valor dos insumos utilizados no processo produtivo e os impactos de sua utilização).

A discussão sobre EV, assim, incorpora disputas estruturais que há muito dividem a humanidade, tanto em termos geopolíticos, econômicos e comerciais, quanto ideológicos, éticos e filosóficos. É evidente que tais disputas não se resolverão no curtíssimo prazo que a emergência socioambiental global e a presente combinação de crises do sistema hegemônico nos coloca. Não se trata apenas de uma disputa política ou acadêmica, mas da reconfiguração das aspirações e da visão de mundo que há muitas gerações condicionam bilhões de pessoas em todo o planeta, nas bases do consumismo da acumulação e da desigualdade. Outras formas de viver em sociedade existem ou são idealizadas, mas sua adoção ampla passa necessariamente por um processo de transição relativamente longo, e para o qual enormes forças sociais e institucionais precisam se mobilizadas.

Assim, vemos que o desafio central da EV é utilizar o poder da “linguagem econômica” para dar centralidade e força às propostas de sustentabilidade com justiça social e ambiental enquanto, ao mesmo tempo, evitem-se os riscos e “efeitos colaterais” da apropriação indevida ou distorcida dessas propostas pelo sistema hegemônico.

Partindo desse desafio central, e visando ao propósito imediato de acelerar a transição rumo à EV, propomos tomar os vários questionamentos envolvendo a EV não como obstáculos, mas sim como alertas a serem considerados na análise das propostas e estratégias em pauta, minimizando os riscos de que a urgência na ação leve ao agravamento de problemas que se deseja evitar. Reconhecemos que esta é uma abordagem limitada, porém a consideramos, neste momento, essencial para evitar a paralisia, ainda mais perigosa.

Democracia econômica e desenvolvimento sustentável

Concluindo, enfatizamos nosso entendimento de que a Rio+20 é – sem dúvida – uma oportunidade única para discussão do papel que o sistema econômico deve ter na construção de uma sociedade justa e sustentável. Em seu livro Democracia Econômica – Alternativas de Gestão Social (Ed. Vozes, 2008), o professor Ladislau Dowbor esmiuça as principais tendências hoje observadas sobre o papel da economia nessa construção, apontando importantes lacunas não cobertas pela teoria e prática econômicas em curso, e indicando possibilidades para superação desse desafio.

Em síntese, diz ele que “a democracia propriamente econômica se manifesta: (a) na qualidade da inserção no processo produtivo; (b) no acesso equilibrado aos resultados do esforço (social de construção de riqueza); e (c) no acesso à informação que assegure o direito às opções”. Cada um desses três eixos traz embutida uma perspectiva ética e democrática, e desdobra-se em propostas concretas para que o sistema econômico trabalhe a favor da construção de uma sociedade global como desejamos. É um exemplo prático e inspirador de como fundamentos éticos podem ser convertidos em propostas concretas para mudança do sistema econômico. E demonstra como esta não é uma preocupação de poucos idealistas mas, cada vez mais, a convicção de pensadores que enfocam com seriedade e isenção os desafios que enfrentamos. Nunca a concentração de renda e o poder econômico foram tão grandes, em termos globais. É forçoso reconhecer que o capital financeiro declaradamente especulativo ou pseudoprodutivo domina o cenário não só econômico, como também político, exercendo grande influência nos governos dos Estados-Nacionais, e da própria ONU. Mas, por outro lado, nunca a sociedade civil global dispôs de tanta capacidade de conexão e potencial para mobilização. A força da opinião pública, nas redes sociais e nas ruas – e também nos corredores do poder –, é um fato real e incontestável.

Não mudaremos a realidade da noite para o dia, mas podemos, sim, fazer grande diferença, garantindo que as instituções deixem de servir apenas a uma minoria e, progressivamente, apoiem o fortalecimento de um sistema mais aberto, transparente, democrático e sustentável. A Rio+20 é uma excelente ocasião para isso.

Nota (1) Utilizamos o termo Economia Verde (EV) – sem qualquer outro adjetivo – para nos referirmos ao conjunto de propostas voltadas ao desenvolvimento sustentável ou, mais especificamente, à transformação da economia global para padrões socialmente justos e ambientalmente sustentáveis, num marco ético e democrático. Para mais informações sobre este posicionamento, acesse http://www.economiaverde.org.br ou http://www.greeneconomy.org.br.

Aron Belinky é coordenador de Processos Internacionais do Vitae Civilis. Texto publicado originalmente no Boletim Rio+20 n.3, janeiro 2012, da Heinrich Böll Stiftung.

** Fonte: Publicado originalmente no site Mercado Ético.

15 de jan. de 2012

PROJETO DA USP FAZ PARCERIA COM CATADORES PARA COLETA REGIONAL INTELIGENTE

Projeto da USP propõe gestão de material reciclável mais eficiente e participativa, com destaque para o conhecimento que catadores têm sobre o processo. Iniciativa é apoiada por cooperativa paulista de coletores e por pesquisadores dos Estados Unidos.

Por: Carolina Drago

Publicado em 10/01/2012 | Atualizado em 10/01/2012

Catadores de material reciclável da Coopamare usam ‘software’ desenvolvido por pesquisadores do MIT para sistematizar e integrar processo de coleta seletiva no bairro de Pinheiros, na zona oeste do município de São Paulo. (foto: Senseable City Lab)

Com o crescimento econômico e o avanço tecnológico dos últimos anos, cresceu também a quantidade de lixo produzido nas cidades. Hoje o grande desafio é reaproveitar esses resíduos, a começar pela coleta seletiva – e pelo reconhecimento dos trabalhadores responsáveis por ela. Um projeto piloto da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com catadores do município e pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachussetts (MIT), dá os primeiros passos nessa direção.

Batizado Forager, o projeto conta com um GPS (sigla em inglês de sistema de posicionamento global) para mapear as rotas percorridas diariamente por catadores de uma cooperativa paulista. A ferramenta registra informações como os pontos de coleta e o tipo de material reciclável. Paralelamente, um sistema on-line permite que comunidade local e empresas estejam em contato com os coletores, ‘doando’ resíduos via celular ou site – cujo acesso está restrito ao grupo.

“Nós estamos usando tecnologia em tempo real para tornar a gestão de resíduos mais participativa e eficiente”

“Nós estamos usando tecnologia em tempo real para tornar a gestão de resíduos mais participativa e eficiente. A ideia é ajudar, com tecnologias baratas, uma cooperativa de recicladores informais a documentar seus conhecimentos e melhorar suas operações”, avalia Dietmar Offenhuber, pesquisador do Senseable City Lab, do Departamento de Planejamento e Estudos Urbanos do MIT.

Suporte aos catadores

O pontapé inicial para o Forager foi dado pela professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP Maria Cecília Loschiavo. Desde 2003, ela ministra a disciplina ‘Design para a sustentabilidade’, na qual se estuda desde o descarte até o manejo do lixo e se discute o papel dos catadores nesse processo que leva à reciclagem.

A iniciativa teve o apoio da cooperativa de catadores que atua na zona oeste do município paulista, a Coopamare, para a qual o Forager foi desenvolvido – e, mais recentemente, da equipe do MIT. Esse grupo de pesquisadores desenvolveu em 2009 um projeto ligado ao sensoriamento do lixo na cidade de Seattle, nos Estados Unidos. O objetivo era acompanhar o trajeto de 3 mil objetos descartados até seu destino final por meio de um sensor anexado a eles.

Offenhuber (no centro), Loshiavo (de óculos, à direita) e catadores na sede da Coopamare, cooperativa paulista. Projeto da USP defende que conhecimento de catadores sobre manejo do lixo poderá inspirar políticas públicas sustentáveis. (foto: Coopamare)

“O resultado dessa experiência nos surpreendeu muito e pensamos em transformá-la de alguma forma num sistema de reciclagem informal”, lembra Offenhuber. Estudando a nova lei brasileira sobre resíduos sólidos, o pesquisador observou que ela oferece uma série de incentivos para as cooperativas expandirem suas operações. Mas o maior desafio, que é organizar e formalizar suas atividades, ainda precisava ser superado.

“Nós descobrimos que documentar o processo de coleta e compartilhá-lo com a comunidade geraria dados valiosos – sobre rotas, materiais, tráfego – com o mínimo de esforço”, conta. “A ampliação dessa base de dados vai ajudar os coletores no treinamento de novos cooperados e também na gestão de suas operações, feitas por carrinho ou caminhão”, adianta.

Mais conhecimento para gestão sustentável

Para Loschiavo, os ganhos vão além. Ela defende que, mais do que sistematizar a coleta, o trunfo do projeto é estender o conhecimento que universidade e comunidade têm sobre resíduos e descarte do lixo nas cidades.

“Os dados que temos atualmente sobre produção e manejo de resíduos ainda são poucos e pouco consolidados”, pondera. “Esse trabalho conjunto poderá ajudar no desenho de políticas públicas para a gestão sustentável do lixo”, prevê a pesquisadora.

“Esse trabalho conjunto poderá ajudar no desenho de políticas públicas para a gestão sustentável do lixo”

No final do ano passado, houve uma reunião na Coopamare para apresentar aos catadores os primeiros resultados do Forager em funcionamento. Pesquisadores da USP e do MIT mostraram a eles, em mapas, tudo o que vem sendo sistematizado para facilitar seu trabalho de coleta. “Nosso objetivo é que esses catadores possam se reconhecer nesse processo, que tenham seu trabalho valorizado e sejam respeitados enquanto cidadãos”, conclui Loschiavo.

Fonte: Ciência Hoje On-line

 

13 de jan. de 2012

NOVO INDICADOR DO PNUD RETRATA VIVÊNCIAS NO TRABALHO, NA EDUCAÇÃO E NA SAÚDE

O PNUD Brasil divulgou um indicador inédito no mundo, o IVH (Índice de Valores Humanos), que retrata as vivências dos brasileiros nas áreas de saúde, educação e trabalho. Ele faz parte da versão inicial do terceiro caderno do Relatório de Desenvolvimento Humano Brasil 2009/2010.

 

O IVH indica o grau de respeito a valores nas áreas de saúde, conhecimento e padrão de vida — as mesmas categorias levadas em conta no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), criado em 1990 e calculado para mais de 180 países. Assim como o indicador divulgado anualmente pelo PNUD, ele varia de 0 a 1 (quanto mais próximo de 1, maior).

 

“O novo índice busca dar materialidade à discussão sobre a importância dos valores para o desenvolvimento humano”, afirma o coordenador do RDH Brasil 2009/2010, Flávio Comim. “O IDH concentra-se nos resultados. O IVH desloca a atenção para os processos que levam a um pior ou melhor desenvolvimento humano. Os dois índices são complementares”, acrescenta.

 

Os dados foram coletados em pesquisa feita no início deste ano pelo Instituto Paulo Montenegro, ligado ao Ibope, com 2.002 entrevistados em 148 municípios de 24 unidades da Federação. Os valores abordados estão entre os destacados na pesquisa Perfil dos Valores dos Brasileiros, que fez parte do segundo caderno do relatório: respeito, liberdade, reciprocidade e convivência.

 

A elaboração do IVH partiu do conceito de que os valores são formados a partir das experiências das pessoas — por isso, o índice capta a percepção dos indivíduos sobre situações vivenciadas no dia a dia.

Subíndices

O IVH do Brasil é 0,59, valor que equivale à média dos três subíndices que o compõem. O maior é o ligado a trabalho (chamado IVH-T): 0,79. Isso indica que as pessoas têm mais vivências positivas nessa área do que nas outras duas, segundo Comim.

IVH-T abrange principalmente questões ligadas a liberdade e reciprocidade. Um IVH próximo de 1 aponta que, no ambiente de trabalho, as pessoas experimentam mais situações positivas (como realização profissional, cooperação entre os colegas, liberdade para expressar opiniões, motivação) do que negativas (frustração, estresse, discriminação, falta de reconhecimento e indignação, por exemplo).

 

Na dimensão de educação (IVH-E), o índice é 0,54. Ela destaca os valores de convivência e aborda três aspectos. Um deles capta o que os entrevistados acham que a educação escolar deve priorizar: conhecimento para ser uma boa pessoa, um bom cidadão, para ter uma boa vida ou conseguir emprego. Quanto mais respostas indicando os conhecimentos que tendem a gerar mais benefícios públicos (como ser uma boa pessoa e um bom cidadão), maior o IVH-E. Outro aspecto incluído no IVH-E é a avaliação dos entrevistados sobre os estudantes (se têm interesse pelos estudos, respeito aos professores e honestidade, por exemplo). O terceiro é uma avaliação dos professores (semelhante à dos alunos: se respeitam os alunos, se têm interesse pelo alunos, honestidade e liberdade para expressar suas ideias).

 

O indicador em que o Brasil se sai pior é o de saúde (IVH-S): 0,45. Este subíndice sintetiza a opinião dos entrevistados sobre três aspectos relacionados aos serviços do setor: tempo de espera por atendimento, facilidade de compreensão da linguagem usada pelos profissionais de saúde e interesse que a equipe médica tem pelo paciente.

 

Os resultados da pesquisa mostram que mais da metade da população (51,1%) julga que a espera por atendimento em serviço de saúde é demorada (não foi feita distinção entre setor público ou privado). Apenas 27,1% acham fácil a compreensão da linguagem dos profissionais do setor, e 30,7% avaliam que eles têm pouco interesse em ajudar os pacientes.

 

Diferenças

 

O IVH foi calculado não apenas para o Brasil, mas também para as regiões. Sudeste e Sul, justamente as regiões com maior IDH, lideram o ranking do Índice de Valores Humanos, com 0,62. Em seguida, vêm Centro-Oeste (0,58), Nordeste (0,56) e Norte (0,50).

 

No IVH-S, a média brasileira é superada por Sudeste (0,51), Centro-Oeste (0,48) e Sul (0,47). O Norte é, novamente, a região com menor valor (0,31), seguido do Nordeste (0,36). Mais de dois terços (66,9%) dos moradores do Norte avaliam, por exemplo, que o tempo de espera por atendimento de saúde é elevado, e quase metade (44,6%) considera que a linguagem dos profissionais da área é muito difícil (44,6%).

 

Na dimensão educação, as diferenças são um pouco menores, com exceção da região Norte. A média brasileira do IVH-E (0,54) é superada por pouco no Sudeste (0,55) e no Sul (0,55), coincide com a do Centro-Oeste e fica pouco acima da do Nordeste (0,53). No Norte, o valor é 0,47. Nessa região, “a maior parte da população (40,4%) considera que o mais importante a ser ensinado às crianças são conhecimentos para obter um bom emprego”, destaca o relatório.

 

No IVH-T, o Sul é que se saiu melhor (0,84), seguido do Sudeste (0,80). Nordeste (0,78) e Norte (0,74) não ficam muito longe da média brasileira (0,79). O pior nessa dimensão é o Centro-Oeste (0,68), região em que há mais relatos de vivências no trabalho relacionadas a sofrimento.

 

Calculado para diferentes grupos de renda e de nível de escolaridade, o IVH contraria a desconfiança de que os mais pobres ou menos escolarizados tendem a ser mais condescendentes. Pelo que sinaliza o índice, há uma tendência, ainda que nem sempre linear, de que as vivências positivas sejam mais frequentes nos grupos com mais renda e educação. “As pessoas mais pobres e com menos educação não indicaram que tudo está bem. Pelo contrário, elas confirmaram a hipótese de que a pobreza e a exclusão impõem penalidades dobradas a elas”, afirma o relatório.

 

Fonte: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Brasil) (5/2009)

 

 

Na contramão da cidadania, Dilma veta à regulamentação da atividade de catador de papel

Deputado critica veto à regulamentação da atividade de catador de papel

Relator da proposta que regulamentava as profissões de catador de materiais recicláveis e de reciclador de papel, o deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) lamentou a decisão da presidente Dilma Rousseff de vetar integralmente o texto aprovado na Câmara e no Senado.

 

Na justificativa, Dilma afirma que as exigências previstas no texto podem representar obstáculos imediatos à inclusão social e econômica desses profissionais.

 

Daniel Almeida, que recomendou a aprovação do texto na Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público, lembra que a proposta, de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS), tramitou no Congresso durante quatro anos e, agora, o processo de regulamentação da profissão de catador "volta à estaca zero". A proposta foi aprovada no ano passado.

 

O texto vetado pela presidente condicionava o exercício das profissões ao registro na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego. Para cadastrar-se, o catador deveria apresentar prova de identidade e comprovantes de conformidade com as obrigações eleitorais e o serviço militar.

 

AVANÇO PREJUDICADO

 

Almeida argumenta que, se o projeto fosse sancionado, possíveis correções poderiam ser feitas num momento posterior, por meio de um novo projeto de lei ou de uma emenda, sem prejuízo do reconhecimento da profissão. "Não considero, portanto, que esse tenha sido o melhor remédio. Acho que, tendo uma lei, é mais fácil do que partir do zero. Qualquer legislação aprovada agora seria um passo adiante. Voltar à estaca zero não me pareceu o melhor encaminhamento."

 

O deputado ressalta que a regulamentação da profissão de catador facilitará o acesso desses profissionais a políticas sociais, de qualificação e também à Previdência.

 

Posição dos catadores

 

O Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis, que defende o veto presidencial, lembra que existem outros projetos em tramitação mais importantes para a categoria, como uma sugestão de iniciativa popular (05/11) que inclui os catadores como segurados especiais da Previdência Social.

 

O presidente da entidade, Eduardo Ferreira, explica que a lei tornaria o reconhecimento de direitos dos catadores mais burocrática. Ele lembra que parte das pessoas que atuam na área hoje está em situação de rua e não está organizada oficialmente em cooperativas ou organizações.

 

"O catador vai ter que se cadastrar, ter uma documentação que, às vezes, muitos catadores não têm. Fica uma coisa meio difícil", argumenta Ferreira. Ele ainda lembra que o texto vetado ainda tornava obrigatória a venda do material recolhido pelos catadores para um reciclador. "Isso não é legal, está fortalecendo os grandes atravessadores, não está fortalecendo os catadores", ressalta.

 

Eduardo Ferreira afirma que os catadores consideram importante a regulamentação do exercício da atividade, mas não da forma como foi aprovada pelo Congresso.

REDUZIR A EMISSÃO DE GASES DE EFEITO ESTUFA TÊM R$ 688 MILHÕES EM LINHA DO BB

O BB tem investido fortemente na qualificação técnica de seu pessoal para intensificar os financiamentos a atividades rurais sustentáveis, no âmbito do programa ABC, com o objetivo de dinamizar o desempenho da iniciativa, implantada em julho do ano passado.

Projetos agrícolas que colaborem para reduzir a emissão de gases de efeito estufa têm R$ 688 milhões em linha do BB

Brasília – Os agricultores que tenham projetos de recuperação de áreas degradadas, de sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta, de recomposição de reserva legal ou área de preservação permanente e sistemas de plantio direto na palha têm R$ 688 milhões em linha de crédito do Banco do Brasil (BB) específica para projetos agrícolas que colaborem para reduzir as emissões do gases de efeito estufa.

Dos R$ 850 milhões reservados para financiar o programa federal Agricultura de Baixo Carbono (ABC) na safra agrícola 2011/2012, o BB aplicou até agora R$ 162 milhões, segundo o vice-presidente de Agronegócio e de Micro e Pequenas Empresas do banco, Osmar Dias. Segundo ele, o BB tem investido fortemente na qualificação técnica de seu pessoal para intensificar os financiamentos a atividades rurais sustentáveis, no âmbito do programa ABC, com o objetivo de dinamizar o desempenho da iniciativa, implantada em julho do ano passado.

Para isso, o banco preparou projetos técnicos modulares, específicos para cada região do país, de modo a acelerar o processo de contratação e atrair mais produtores para o programa ABC, cujo objetivo é promover a melhoria da competitividade da agricultura e contribuir para a redução do desmatamento, acrescentou.

Com esse objetivo, o banco criou uma linha de crédito que oferece condições atrativas, como financiamentos em até 180 meses e encargos financeiros de 5,5% ao ano. Os produtores podem contratar até R$ 1 milhão por ano-safra (de julho a junho), independentemente de ter outro crédito rural em atividade.

Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-01-11/projetos-agricolas-que-colaborem-para-reduzir-emissao-de-gases-de-efeito-estufa-tem-r-688-milhoes-em-

10 de jan. de 2012

EU ETS DEVE TER MUDANÇAS PARA CONTROLAR PREÇO DO CO2

Piso para preço e retirada de Permissões de Emissões da União Europeia (EUAs) são as principais alternativas consideradas para aumentar valor dos créditos de carbono, mas primeira opção não é apoiada pela Comissão Europeia

A crise econômica que atingiu a União Europeia e o excesso de créditos de carbono no esquema de comércio de emissões do bloco (EU ETS) são apontados por especialistas como as duas principais causas para a queda cada vez maior que o preço do carbono vem sofrendo. E para resolver esse problema do mercado de carbono europeu, duas alternativas estão sendo consideradas: o estabelecimento de um piso para o preço do carbono e a retirada de Permissões de Emissões da União Europeia (EUAs).

No entanto, a mera citação dessas opções já vem causando polêmica entre a Comissão Europeia, a indústria e especialistas do mercado, gerando dúvidas a respeito do melhor procedimento a ser aplicado para aumentar o preço dos créditos de carbono. De acordo com alguns analistas, o piso para o preço do carbono, que deveria ser fixado em cerca de 17 euros, constitui a melhor alternativa para alavancar o valor das EUAs.

“Esse mercado foi criado para dar um sinal de preço que estimularia investimentos na descarbonização da economia. Mas os preços hoje estão tão baixos que essa ferramenta simplesmente não é eficiente”, comentou Pierre Ducret, diretor da CDC Climat, uma subsidiária em serviços do mercado climático de posse do banco estatal francês Caisse des Depots.

Apesar do apoio a essa alternativa, muitos especialistas admitem que, no atual cenário de austeridade adotado por muitos países da UE para frear a recessão financeira, ela deve encontrar oposição política e empresarial, já que limita a flexibilidade do mercado e aumenta os custos industriais. Portanto, é possível que esta solução só se torne viável após 2020, prazo fixado pelo bloco para reduzir 20% de suas emissões em relação aos níveis de 1990.

A Comissão Europeia, no entanto, já descartou a possibilidade, alegando que a instituição não concorda com medidas de intervenção direta. “A comissão não apoia a ideia de um piso de preço. Não temos um piso de preço, e nunca proporemos um piso de preço”, destacou Isaac Valero-Ladrón, porta-voz de ação climática da comissão.

Já a opção de retirar do esquema uma quantidade de créditos de carbono parece mais favorável à comissão e ao Parlamento Europeu. A ideia, que propôs a subtração de 1,4 bilhões de EUAs do EU ETS, foi aprovada pelo comitê ambiental do parlamento no final de dezembro, e apresentou sinais positivos no mercado, que teve uma alta de 18,8% no preço do carbono, embora o efeito não tenha sido duradouro.

A votação no Parlamento Europeu para aprovar a remoção dos créditos deve acontecer em meados de abril, e embora alguns analistas acreditem que a medida não garantirá que os preços sejam restaurados aos valores pré-crise (entre 15 e 25 euros), apontam que há vantagens políticas na escolha desta opção, como, por exemplo, a facilidade de se adotar o mecanismo, que uma vez aprovado, deve ser estabelecido em menos de seis meses.

“Precisamos de uma recalibração imediata e significativa do ETS para fazer subir o preço do CO2. Essa ação [retirada dos créditos excedentes] fornecerá um sinal forte do preço do CO2 que as empresas poderão corresponder”, enfatizou Graeme Sweeney, vice-presidente executivo da Shell.

Já a criação de um piso para o valor do carbono exigiria uma mudança nas atuais leis de comércio de emissões, o que necessitaria de aprovação por parte de todos os estados membros da EU, e levaria anos.

Mas mesmo no que diz respeito à escolha pela remoção dos EUAs excedentes, há dúvidas e discordâncias sobre o número de créditos a serem excluídos do mercado, pois ainda não se sabe se o parlamento aprovará a quantia de 1,4 bilhões. Enquanto especialistas do Barclays Capital apontam que devem ser eliminados 650 milhões de EUAs, o Deutsche Bank indica 566 milhões, a Point Carbon sugere de 1,2 a 1,3 bilhões e o Société Generale e a UBS, 800 milhões.

De acordo com Sanjeev Kumar, do grupo E3G, o excesso de EUAs, somados aos créditos gerados pelo Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), totaliza cerca de 2,2 bilhões de toneladas de emissões comercializadas no esquema, já que cada crédito corresponde a uma tonelada de CO2e.

“É [um número] muito, muito grande. Essa é a fonte do problema. A primeira coisa que temos que fazer é intervir no mercado. Se continuar desse jeito, no início de 2012 o preço pode cair a um ou dois euros, o que tornaria o mercado quase inútil”, alertou Kumar.

Mas nem mesmo a correção do mercado é unanimidade. Alguns analistas argumentam que os preços do carbono simplesmente refletem a redução da poluição e consequentemente da procura por permissões, o que, segundo eles, foi causado exclusivamente pela crise financeira.

Mas o esquema do bloco não consegue reproduzir os mecanismos de outros mercados em recessão, como o corte do fornecimento de determinado bem, o que reduz a demanda e assim limita a queda de preços. No caso do EU ETS, a oferta de créditos é fixa, e o excesso de cada ano é simplesmente adicionado. Sendo assim, a maioria dos especialistas afirma que uma intervenção no mercado de carbono, avaliado em 2010 em US$ 120 bilhões, é necessária.

“Preços justos do CO2, junto com a estabilidade de preço ao longo do tempo são fundamentais para que a indústria continue no caminho para uma economia de crescimento verde”, concluiu Andres Aldrup, diretor executivo da DONG Energy, empresa de energia limpa da Dinamarca.

Fonte: Instituto CarbonoBrasil/Agências Internacionais

INDAIATUBA CONTA ATUALMENTE COM 20 ECOPONTOS ESPALHADOS POR TODA A CIDADE

Obra de ampliação de Ecoponto é concluída em Indaiatuba

Publicado: Terça-feira, 10 de janeiro de 2012 por Tamara Horn

 

Capacidade de armazenamento do local foi dobrada.

O Ecoponto do Centro Esportivo do Trabalhador, localizado na avenida Conceição, já está funcionando desde dezembro com a capacidade de armazenamento de lixo reciclável dobrada. O local passou por reforma e as medidas foram ampliadas para 8 x 2 metros.

A obra, executada pela Secretaria de Urbanismo e do Meio Ambiente de Indaiatuba, foi necessária porque o Ecoponto é muito utilizado pelos moradores e comerciantes da região e a coleta feita duas vezes por dia não estava sendo suficiente. “Como o volume de materiais deixados no local é muito grande, a ponto de duas coletas diárias serem insuficientes, decidimos ampliar o espaço”, explicou a secretária da pasta, Mariângela Gomes Carneiro.

Indaiatuba conta atualmente com 20 Ecopontos espalhados por toda a cidade, nos quais a população pode depositar materiais como vidro, metal, papel, plástico e óleo usado em frituras.

A periodicidade da coleta depende do bairro, sendo que na maioria deles é realizada três vezes por semana. A média mensal de materiais coletados é de duas toneladas.

Para a coleta seletiva, o município conta também com mais nove Postos de Entrega Voluntária (PEV’s), cinco coletores de pilhas e baterias usadas e um Ecoponto de material inerte, todos distribuídos em pontos estratégicos da cidade. A Secretaria ainda tem parcerias com indústrias, comércios e condomínios residenciais, que separam seus recicláveis para a coleta.

Todo o material é levado para o Centro de Triagem que funciona no Aterro Sanitário, onde é feito o processo de reciclagem. O óleo recolhido é levado para o "Programa Biodiesel Urbano", que é uma parceria entre a Prefeitura de Indaiatuba, por meio da Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente, e o Serviço Autônomo de Água e Esgotos (Saae).