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1 de jul. de 2012

MULHERES EM ASCENSÃO NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO

Revolução no mercado de trabalho encontra pouca resistência

 

Mulheres estão aprendendo novas profissões

 

Para Adriana Graciano, deixar seu parceiro violento de lado significava perder a custódia de seus filhos com ele, pois ela não tinha trabalho e uma casa. Agora ela está aprendendo uma profissão com o programa “Mão na Massa”, um projeto sem fins lucrativos, que desde 2007 ensina a mulheres pobres ofícios como pintura, alvenaria e construção. Das 94 mulheres que concluíram os cursos nos primeiros dois anos, dois terços estão trabalhando no setor. O rendimento médio dessas profissionais cresceu de R$ 44 para R$ 631 mensais.

 

Adriana, que espera em breve ter um emprego, um lar e seus filhos de volta, é uma das muitas mulheres brasileiras cujas vidas estão sendo transformadas. Em 1960 apenas 17% das mulheres trabalhavam fora de casa, a taxa mais baixa de toda América Latina. Agora, dois terços possuem emprego, uma das maiores taxas da região. Isso ocorre, em parte, porque elas têm menos filhos do que no passado. Em 1960 as mulheres brasileiras tinham, em média, seis filhos cada, agora elas têm em média 1,9, menos do que em qualquer outro lugar na América Latina, exceto Cuba.

 

O aumento do salário mínimo, dos empregos formais e a entrada da mulher em muitos campos de trabalho que eram considerados masculinos são fatores que ajudam a diminuir a diferença salarial entre mulheres com baixa escolaridade e os homens. Ao mesmo tempo, as mulheres brasileiras estão mais qualificadas do que nunca. As meninas estão ficando mais tempo na escola que os meninos, e três quintos dos universitários graduados recentemente são mulheres.

 

Mais qualificadas

 

Uma pesquisa do Centro de Inovação de Talentos, de Nova York, descobriu que 59% das mulheres brasileiras com nível superior se descreveram como “muito ambiciosas”, em comparação com 36% das norte-americanas. A velocidade da mudança de atitude surpreendeu as empresas: “As empresas globais acham que as mulheres dos mercados emergentes ainda estão todas com os pés descalços e grávidas. E muitas empresas brasileiras são administradas por homens mais velhos com visões tradicionais”, diz a presidente do Centro de Inovação de Talentos, Sylvia Ann Hewlett.

 

Um mercado de trabalho acirrado e a escassez de mão de obra qualificada estão levando os empregadores a olharem além de seus preconceitos. Além disso, o país onde as mulheres têm sido marginalizadas, agora é governado por uma. Apesar de Dilma Rousseff ter chegado a presidência através do seu mentor e antecessor, o ex-presidente Lula, ela mostrou sua personalidade. Em sua uma medida anticorrupção – chamada de faxina – Dilma varreu do governo muitos homens que herdou da antiga administração e aumentou a participação das mulheres nos ministérios. Dilma lentamente tem substituído os políticos com carreira, por pessoas melhores qualificadas, muitas delas mulheres. Graça Foster, que assumiu a chefia da Petrobras no começo do ano, é formada em engenharia química e nuclear, tem MBA e 30 anos de experiência na indústria do petróleo.

 

Setor público

 

Para mulheres inteligentes e esforçadas, o sistema brasileiro de concursos para empregos no setor público oferece um ponto de partida. Mas nem sempre foi assim. Na década de 1990, a única ministra mulher, Claudia Costin, estudou o percurso profissional de mulheres no serviço público e descobriu que muitas mulheres que eram fortes candidatas ao trabalho não eram selecionadas. Claudia Costin, que agora é secretária de educação do município do Rio de Janeiro, diz que as barreiras enfrentadas pelas mulheres no mercado de trabalho atual são muitos menores do que ela um dia poderia imaginar, embora ache que ainda é difícil uma mulher conseguir espaço no setor público.

 

Setor privado

Mulheres em cargos de gerência, já não são casos excepcionais. Fernanda Montenegro, diretora de recursos humanos da Grand Hyatt Hotel, em São Paulo, estudou na Suíça em 2001, e trabalhou na Europa e nos Estados Unidos. Quando começou a trabalhar no hotel, em 2008, era a única mulher na sala de reuniões. Agora, a diretora de vendas também é mulher, e nos últimos cinco anos o número de candidatas do sexo feminino disparou. As reações negativas que ela tem encontrado vêm de fora do mercado de trabalho. A mãe de Fernanda reclama que, aos 31 anos, ela ainda está solteira. Possíveis pretendentes dizem que uma mulher com o cargo que ela possui naturalmente iria negligenciar casa e filhos.

 

Mas o machismo brasileiro pode ser surpreendentemente fácil de ser ignorado.  Isso porque, também para os homens, o mercado de trabalho nunca esteve melhor. Apesar do período difícil da economia mundial, há poucos sinais de reflexos no mercado de trabalho. Os salários subiram e o desemprego atingiu os menores índices dos últimos tempos.

 

Norma Sá, do projeto “Mão na Massa” diz que suas ex-alunas enfrentaram pouco preconceito: “Os homens não se preocupam com a concorrência, porque há emprego para todos”. Para as mulheres profissionais, um obstáculo mais imediato pode ser o aumento do custo do trabalho doméstico, já que poucos homens brasileiros levantam um dedo em casa. Mas, o número de empregadas domésticas brasileiras chegou a 7,2 milhões e quase todas são mulheres, que têm mais opção do que nunca. Fontes: The Economist - Amazons at work

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